BRAGA (Joao Paulo Mesquita / MORRAZO-tribuna) . - O Museu da Imagem, em Braga, inaugura hoje (sábado, 8 de Novembro, 18h00) a exposição de duas séries de fotografias de Patrícia Almeida: “No Parking” e “Portobello”.
“No Parking” é um projecto de fotografia e video realizado em 2001 durante uma estadia da fotógrafa em Tóquio, tendo motivado a publicação de um livro com o mesmo título, em 2004, em França.
O projecto “Portobello” reúne cerca de 70 fotografias e foi realizado ao longo de várias visitas de Patrícia Almeida ao Algarve, entre 2005 e 2007.
Sendo que a exposição no Museu da Imagem constitui uma introdução a este projecto, ele pode ser apreciado na íntegra em “Portobello”, a publicar até ao final do ano, bem como na “Galeria Zé dos Bois”, em Lisboa, até finais de Novembro.
“Portobello” regista o apoio da Direcção Geral das Artes/Ministério da Cultura e da “Epson Portugal”, marca que patrocina igualmente “No Parking”.
De acordo com o crítico David-Alexandre Guéniot, «as fotografias de “No Parking” são cuidadosamente compostas em função de elementos constitutivos da paisagem urbana: edifícios, estradas, ruas, passagens para peões, linhas de metro à superfície, etc», elementos esses que «reforçam a abstracção gráfica e dão um carácter estático às imagens».
«Porque os fios eléctricos que riscam o céu ou se acumulam no cimo dos postes eléctricos, o desenho no solo das passagens de peões que travam o movimento dos transeuntes, as estruturas em betão que sustentam as linhas de um “monorail” que desenha no espaço um duplo “S” alongado, as centenas de janelas que parecem carimbos pacientemente aplicados sobre a fachada de um edifício, são todos sinais que apontam para uma leitura geométrica do espaço urbano», realça.
«Como se se tratasse de colocar uma grelha ou de pousar uma tela sobre o espaço e de construir um terreno de experiências visuais onde elementos móveis estão prestes a entrar em cena», as imagens de Patrícia Almeida que dão forma a “No Parking”, assemelham-se a «uma teia de aranha à espera de apanhar uma presa na sua armadilha», «como linhas de pauta de música onde se inscrevem as notas e as marcações dos tempos: o “presto” para indicar os passos rápidos de uma pessoa que atravessa a rua enquanto outra caminha “andante” à sua frente, o “rallentando” de uma pessoa que sobe um lanço de escadas, o “moderato” de duas raparigas de uniforme que passeiam com as mãos atrás das costas, o “allegro ma non troppo” de jovens que atravessam uma esquina onde incidem os últimos raios de luz do dia».
Quanto a “Portobello”, as fotografias utilizadas «mostram como uma realidade se apresenta a si mesma tal como deseja existir, quer dizer, tal como se representa e se demonstra aos outros».
«As pessoas, as paisagens fotografadas, participam, enquanto sujeitos e objectos, de uma iconografia pré-existente; o que vemos nestas fotografias são pessoas que são ao mesmo tempo actores e espectadores (de si mesmas), mas também pessoas e personagens, tal como as paisagens são ao mesmo tempo paisagens e cenários, tal como a realidade é ao mesmo tempo real e encenada, quer dizer, construída a partir de ficções (políticas, económicas, sociais, urbanísticas, paisagísticas, estéticas)», explica David-Alexandre Guéniot.
Neste sentido – acrescenta o crítico – “Portobello” é um mundo real ficcionado: «um mundo cujas personagens (os figurantes) parecem ter sido colocadas sobre um fundo de telas pintadas que imediatamente se desmoronam nas suas costas; um mundo de cenários permutáveis (o que se passa aqui poderia passar-se em qualquer outro lado), em que a profundidade de campo mais não é do que um espaço propício ao aparecimento de miragens».
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Patrícia Almeida. Lisboa, 1970. Estudou História na Universidade Nova de Lisboa. Em 1994 inicia-se na fotografia trabalhando na área de reportagem e produzindo fotografias para bandas de música. Em 1999, com uma bolsa da Fundação Ciência e Tecnologia, vai para Londres, onde estuda Imagem e Comunicação no “Goldsmiths College”.
Interessa-se então pela fotografia documental enquanto território de pesquisa e criação artística, realizando trabalhos que procuram questionar a relação do indivíduo com o espaço urbano (“Esculturas”, 2000; “Andar Modelo”, 2001; “Locations”, 2000-2005).
Em 2001, vai para Tóquio com uma bolsa da Fundação Oriente, produzindo a série de fotografias do livro “No Parking”, editado em 2004. Realiza em 2007 a sua primeira exposição individual na Kgaleria em Lisboa, com a série “Locations”, a convite do fotógrafo António Júlio Duarte. Em 2008, expõe a série “Portobello”, um projecto feito no Algarve entre 2005 e 2007, que reúne cerca de 70 fotografias, vídeos e projecções de “slides” e que será editado em livro até o final de 2008.
Tem exposto o seu trabalho de forma regular em exposições colectivas em Portugal (Museu da Imagem e Encontros da Fotografia de Braga, CAV em Coimbra), e no estrangeiro (Bienal de Liège, F/STOP internationales Fotografiefestival em Leipzig, Galerie Nouvelles Images, Haia). É, desde 2003, membro do colectivo de fotógrafos europeus POC/Piece of Cake (www.pocproject.com), tendo participado desde então em exposições e workshops deste grupo na Hungria, Bélgica, Alemanha, Holanda, Espanha e França.
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Mais informação: http://museudaimagem.blogspot.com/
“No Parking” é um projecto de fotografia e video realizado em 2001 durante uma estadia da fotógrafa em Tóquio, tendo motivado a publicação de um livro com o mesmo título, em 2004, em França.
O projecto “Portobello” reúne cerca de 70 fotografias e foi realizado ao longo de várias visitas de Patrícia Almeida ao Algarve, entre 2005 e 2007.
Sendo que a exposição no Museu da Imagem constitui uma introdução a este projecto, ele pode ser apreciado na íntegra em “Portobello”, a publicar até ao final do ano, bem como na “Galeria Zé dos Bois”, em Lisboa, até finais de Novembro.
“Portobello” regista o apoio da Direcção Geral das Artes/Ministério da Cultura e da “Epson Portugal”, marca que patrocina igualmente “No Parking”.
De acordo com o crítico David-Alexandre Guéniot, «as fotografias de “No Parking” são cuidadosamente compostas em função de elementos constitutivos da paisagem urbana: edifícios, estradas, ruas, passagens para peões, linhas de metro à superfície, etc», elementos esses que «reforçam a abstracção gráfica e dão um carácter estático às imagens».
«Porque os fios eléctricos que riscam o céu ou se acumulam no cimo dos postes eléctricos, o desenho no solo das passagens de peões que travam o movimento dos transeuntes, as estruturas em betão que sustentam as linhas de um “monorail” que desenha no espaço um duplo “S” alongado, as centenas de janelas que parecem carimbos pacientemente aplicados sobre a fachada de um edifício, são todos sinais que apontam para uma leitura geométrica do espaço urbano», realça.
«Como se se tratasse de colocar uma grelha ou de pousar uma tela sobre o espaço e de construir um terreno de experiências visuais onde elementos móveis estão prestes a entrar em cena», as imagens de Patrícia Almeida que dão forma a “No Parking”, assemelham-se a «uma teia de aranha à espera de apanhar uma presa na sua armadilha», «como linhas de pauta de música onde se inscrevem as notas e as marcações dos tempos: o “presto” para indicar os passos rápidos de uma pessoa que atravessa a rua enquanto outra caminha “andante” à sua frente, o “rallentando” de uma pessoa que sobe um lanço de escadas, o “moderato” de duas raparigas de uniforme que passeiam com as mãos atrás das costas, o “allegro ma non troppo” de jovens que atravessam uma esquina onde incidem os últimos raios de luz do dia».
Quanto a “Portobello”, as fotografias utilizadas «mostram como uma realidade se apresenta a si mesma tal como deseja existir, quer dizer, tal como se representa e se demonstra aos outros».
«As pessoas, as paisagens fotografadas, participam, enquanto sujeitos e objectos, de uma iconografia pré-existente; o que vemos nestas fotografias são pessoas que são ao mesmo tempo actores e espectadores (de si mesmas), mas também pessoas e personagens, tal como as paisagens são ao mesmo tempo paisagens e cenários, tal como a realidade é ao mesmo tempo real e encenada, quer dizer, construída a partir de ficções (políticas, económicas, sociais, urbanísticas, paisagísticas, estéticas)», explica David-Alexandre Guéniot.
Neste sentido – acrescenta o crítico – “Portobello” é um mundo real ficcionado: «um mundo cujas personagens (os figurantes) parecem ter sido colocadas sobre um fundo de telas pintadas que imediatamente se desmoronam nas suas costas; um mundo de cenários permutáveis (o que se passa aqui poderia passar-se em qualquer outro lado), em que a profundidade de campo mais não é do que um espaço propício ao aparecimento de miragens».
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Patrícia Almeida. Lisboa, 1970. Estudou História na Universidade Nova de Lisboa. Em 1994 inicia-se na fotografia trabalhando na área de reportagem e produzindo fotografias para bandas de música. Em 1999, com uma bolsa da Fundação Ciência e Tecnologia, vai para Londres, onde estuda Imagem e Comunicação no “Goldsmiths College”.
Interessa-se então pela fotografia documental enquanto território de pesquisa e criação artística, realizando trabalhos que procuram questionar a relação do indivíduo com o espaço urbano (“Esculturas”, 2000; “Andar Modelo”, 2001; “Locations”, 2000-2005).
Em 2001, vai para Tóquio com uma bolsa da Fundação Oriente, produzindo a série de fotografias do livro “No Parking”, editado em 2004. Realiza em 2007 a sua primeira exposição individual na Kgaleria em Lisboa, com a série “Locations”, a convite do fotógrafo António Júlio Duarte. Em 2008, expõe a série “Portobello”, um projecto feito no Algarve entre 2005 e 2007, que reúne cerca de 70 fotografias, vídeos e projecções de “slides” e que será editado em livro até o final de 2008.
Tem exposto o seu trabalho de forma regular em exposições colectivas em Portugal (Museu da Imagem e Encontros da Fotografia de Braga, CAV em Coimbra), e no estrangeiro (Bienal de Liège, F/STOP internationales Fotografiefestival em Leipzig, Galerie Nouvelles Images, Haia). É, desde 2003, membro do colectivo de fotógrafos europeus POC/Piece of Cake (www.pocproject.com), tendo participado desde então em exposições e workshops deste grupo na Hungria, Bélgica, Alemanha, Holanda, Espanha e França.
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Mais informação: http://museudaimagem.blogspot.com/