Performance multimédia, concerto encenado ou produção coreográfica são algumas das categorias que enformam “Zoetrope”, espectáculo que resulta da fusão do trabalho de Rui Horta com os Micro Audio Waves e que sobe ao palco principal a 4 de Setembro (22h00).
Primeiro grupo português distinguido com o prestigiado “Owartz Electronic Music Awards”, os Micro Audio Waves entregam-se, desta forma, a um desafio que os leva a ultrapassar a pop electrónica que lhes garantiu uma posição de destaque na música internacional, aliando-se aos elementos video e multimédia do coreógrafo Rui Horta, para dar origem a um híbrido entre música, imagem, movimento e poesia.
A abrir a primeira edição de “Trânsfugas – Moving People Festival”, a Pistolera, uma “ranchera” perigosa e livre, popular e intensamente inventiva, oriunda de algures entre o México e Nova Iorque, chega a Braga a 19 (22h00) para um concerto feito de canções melódicas, dançáveis e politicamente incorrectas porque críticas em relação ao estado das coisas.
Na voz e guitarra de Sandra Lilia Velásquez, o quarteto nava-iorquino, que surgiu em 2006 com o aclamado “Siempre Hay Salida”, distingue-se pelas letras assumidamente políticas que falam da luta dos emigrantes ou dos direitos da mulher e pela inevitável aterragem no coração do México impelida pelo acordeão de Maria Elena.
Também em contexto de festival, a abertura do Burla 2009 fica marcada, a 18 de Setembro (22h00), pela presença de Camille O’ Sullivan, também conhecida como “nova rainha do cabaret”.
Protagonista do novo filme de Rania Ajami, “Asylum Seekers”, Camille O’ Sullivan é detentora de uma voz simultaneamente bela e cavernosa, que, a par de uma postura sedutoramente burlesca, transforma a multifacetada “performer” irlandesa num «animal de palco».
Num mês em que a música se faz representar ainda pelos portugueses Luís Represas e “Smix Smox Smux” e em que as artes dramáticas se realizam no feminino, com as encenações de “Monólogos da Vagina” e de “La Passeggiata”, o Theatro Circo continua a reservar o seu Salão Nobre para a literatura, designadamente para uma Comunidade de Leitores que às quartas-feiras (9 de Setembro a 18 de Novembro, 21h30) colocar
Coordenada pelo escritor e editor Jorge Reis-Sá, a iniciativa, que «propõe a divulgação de um século de poesia portuguesa através dos seus maiores poetas», é composta por oito sessões temáticas desenvolvidas a partir de breves prelecções sobre cada um dos temas e seus poetas, de que se destacam nomes como Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena ou Fernando Pessoa.
Produto recentemente lançado a partir da “incubadora de bandas” em que se transformou a estrutura interna de uma das bancadas do Estádio Municipal 1.º de Maio, os “Smix Smox Smux” apresentam-se no pequeno auditório do Theatro Circo a 11 de Setembro (22h00).
“Eles São Os Smix Smox Smux” é o título do álbum de estreia da banda bracarense que José Figueiredo (Smix, baixista), Filipe Palas (Smox, vocalista e guitarrista) e Miguel Macieira (Smux, baterista) elevaram ao estatuto de «uma das mais inventivas do momento».
Definido pelos autores como «um grito sarcástico em relação à sociedade de consumo», o trabalho que assinala o lançamento discográfico dos “Smix Smox Smux” inclui temas como “Toques Polifónicos”, “Uísqui” ou “Maçã”, entre outros que ao longo do último ano têm levado à euforia as salas nacionais que acolheram as actuações pouco convencionais do trio bracarense.
Ainda em português, a 12 (22h00), o registo passa do “rock” para o “pop” e para o timbre inconfundível de Luís Represas, referência da música portuguesa das últimas décadas.
Com a apresentação de “Olhos Nos Olhos”, álbum já reconhecido pela crítica como «um dos mais belos de 2009», a voz dos Trovante – banda inevitavelmente associada ao percurso artístico do cantor – traz a Braga os temas que compõem este seu nono álbum a solo, integralmente gravado em Cuba.
«“Olhos nos Olhos” é um reencontro comigo, com as minhas almas gémeas, a maneira mais sincera de ser eu, a forma mais franca de me revelar», refere Luís Represas sobre o trabalho que apresenta “Sagres” como primeiro “single”.
Passando da música para a representação, em Setembro (26, 22h00) o palco principal do Theatro Circo acolhe o regresso da encenação de
Escrita em 1966 por Eve Ensler, a peça, que já foi apresentada em 119 países e está traduzida em 45 idiomas, consubstancia-se na partilha de histórias contadas no feminino num registo simultaneamente comovente e divertido, revelando intimidades, vulnerabilidades, temores e vitórias próprias das mulheres.
Baseada em entrevistas realizadas pela autora a mais de duas centenas de mulheres de todo o mundo, “Monólogos da Vagina” já foi protagonizada internacionalmente por actrizes como Jane Fonda, Whoopi Goldberg, Susan Sarandon, Oprah Winfrey ou Meryl Streep.
Também interpretado por mulheres – Lea Karen Gramsdorff e Alice Capitano – de Itália chega “Passeggiata” (15 e 16, 21h30), trabalho que a Compagnia B apresenta em co-produção
Com encenação de Stefanie Tost, “Passeggiata” é interpretada por A e B, personagens que as circunstâncias da vida afastam e que mantêm uma comunicação constante através do “Messenger”, do “ICQ”, do “Facebook”. Identidades incertas.
Hoje encontram-se finalmente para uma bela viagem e escolheram para essa ocasião memorável a Sardenha, ilha onde têm um passado comum... como nos velhos tempos. Um acontecimento tão espontâneo como imaginado.
Falam muito, mas dizem pouco. Controlam, verificam. Estudam-se. Analisam-se. Encontram-se e desencontram-se.
Num texto sobre a ambiguidade da amizade, da confrontação entre as pessoas, sobre a procura da imagem própria no encontro com os outros, “Passeggiata” explora a essência contida na ideia de que “são sempre mais azuis os mares que não navegamos”.