26 mayo 2009

Braga (BRACARA AUGUSTA) recrea en este fin de semana la época de los emperadores romanos

BRAGA (MORRAZO-tribuna) .- Se o rossio da Sé continua a ser o preferido dos estrategas militares, que aí voltam a instalar o seu acampamento, a praça fronteira à “dommus municipalis” assume na “Braga Romana 2009” a distinção de salão de festas neste regresso dos romanos à Bracara Augusta.
Recriar o quotidiano da “Capital da Galécia” é o primeiro objectivo da “Braga Romana”, iniciativa do Pelouro Municipal da Cultura que se inicia esta quinta-feira (28 de Maio) e se prolonga até ao último dia do mês.
Em sexta edição, a reconstituição histórica – que rapidamente ganhou a adesão de bracarenses e forasteiros – abre com a chegada de “César Augusto” à cidade, precisamente à Praça do Município (10h00).
Conforme tem acontecido, espera-se que o Imperador convide os presentes para uma primeira saudação aos “bracari”, particularmente aos mais novos, a quem costuma dedicar os primeiros gestos numa visita que contempla as principais ruas do centro histórico e se conclui no mercado.
O Imperador guarda para o início da noite seguinte (sexta-feira, 29, 21h30) o mais faustoso contacto com a multidão, o que faz em cortejo, que lhe está a ser preparado pelo “Administrador da Província” e que se inicia na Avenida Central, em direcção à Praça do Município, onde assiste a vários momentos festivos bem característicos desta cidade augusta.
A par da música, das artes de fogo, das danças exóticas, do desfile de legionários e do combate de gladiadores programados para a primeira noite, os restantes dias da presença de “Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus” na cidade vão proporcionar espectáculos como a “Dança dos Deuses” (29, 23h00) e “Phyrus: ilusão e pitotecnia” (30, 21h30) ou “Fulaninho de Cartago” (31, 21h30), este um trabalho dramático com base no texto de Plauto, trazido ao palco do rossio da Sé pelo Thíasos-Grupo de Teatro Clássico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Porque estamos perante um momento festivo, a animação mantém-se constante, entre as 10h00 e as 24h00, nos vários espaços de recriação histórica, sendo de relevar as artes de circo, teatro, práticas bélicas, personagens mitológicas, saltimbancos, mercadores e, claro, as bailarinas, que sempre convidam os bracarenses para uma dança.
Um “mercado romano”, com cerca de centena e meia de mercadores e artesãos, ocupa parte significativa do centro histórico da cidade, em redor do qual se alojam igualmente várias tabernas e praças de diversão.
O Pelouro Municipal da Cultura – que regista a colaboração activa da comunidade escolar concelhia, do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa e da Associação de Artesãos do Minho – faz questão de lembrar que todos os interessados podem participar no grande cortejo histórico de sexta-feira (29, 21h30), bastando que se apresentem trajados em conformidade com a época.
De acordo com os historiadores, as origens de Braga remetem para o início da Era Cristã, mais precisamente para o ano 16 a.C., altura em que César Augusto fundou a Bracara Augusta, à semelhança de outras cidades do noroeste da Península Ibérica.
Durante o período “dos Flávios”, Bracara Augusta recebeu o estatuto municipal e foi elevada a sede do “conventus”, tendo desempenhado funções administrativas sobre uma extensa região. A partir da reforma de Diocleciano passou a ser a capital da recente província da Galécia. No século V a cidade foi tomada pelos invasores suevos, que a escolheram como capital do seu reino.
Dada a sua localização estratégica, a novel cidade augusta cedo se tornou num importante nó viário, o que favoreceu inevitavelmente o seu desenvolvimento comercial, patente em inúmeros achados arqueológicos, designadamente materiais importados feitos em cerâmica, vidro e metal, oriundos de zonas mais longínquas do império romano, espólio que pode, aliás, ser apreciado hoje no Museu D. Digo de Sousa.
Ciente da importância do património arqueológico para o conhecimento das origens da cidade e também como elemento de identidade cultural e de promoção turística, o Município de Braga tem vindo a apoiar a investigação e a valorização dos sítios arqueológicos integrados na malha urbana actual, sendo possível visitar um conjunto de quase uma dezena de locais de particular interesse arqueológico.
É neste contexto de promoção e divulgação da história da cidade e de animação deste património local e regional que se insere a “Braga Romana – Reviver Bracara Augusta”, programa que procura recriar a ambiência e o cosmopolitismo da cidade de Augusto, onde chegavam mercadores e produtos provenientes do norte de África, do Oriente e de outras regiões do Império.
«Esta diversidade de culturas e de produtos, associados às diferentes regiões que então constituíam o Império romano, está espelhada na recriação do mercado, distinguindo-o, dessa forma, de uma simples feira de produtos artesanais», explica a Vereadora da Cultura.
Ilda Carneiro lembra igualmente que, tratando-se de um evento que assume também uma função ludo-pedagógica, foram convidadas a nele participar as escolas e associações culturais de Braga, que vão desenvolver actividades didácticas e promover a divulgação de trabalhos feitos ao longo do ano em torno da temática do património arqueológico.